sábado, 13 de junho de 2009

Ainda sobre a Saúde Mental

Atropelam-se-me as palavras na cabeça quando penso em Saúde Mental, ou melhor, em Dessaúde Mental em Portugal, porque muito há para dizer e mais ainda para fazer por um número de pacientes que tende a aumentar neste país.

Doentes ou deficientes mentais não são só aqueles que sofrem de patologias bem definidas, mas também o são os retardados que legislam sem terem noção das realidades de um mundo que não lhes toca na alma.

E então, desinstitucionaliza-se à guisa de uma falaciosa integração, que não é mais do que a desintegração na sociedade.

E assim, criam-se modelos de sonho num stock inexistente, sobrecarregam-se as IPSS's mal-subsidiadas e de parcos recursos humanos, exigindo delas infra-estruturas descabidas ou, na prática, desnecessárias e obrigam-se as famílias, que envelhecem e desfalecem, a esforços cruéis que vão muito além das suas capacidades e potencialidades.

E nada mais se faz!

E, caso seja confrontado com a enfermidade da Saúde Mental, o Estado desdramatiza a seu jeito e aponta o dedo acusador à crise que grassa. Esta sim, é o mal de todos os males, mas do qual a Saúde Mental em Portugal já padecia antes desta epidemia eclodir.

Milú Calisto Aveiro, 23 de Abril de 2009

Artigo publicado http://igualdade.bloco.org/ 24 de Abril

1 comentário:

Djisas Craiste disse...

Saúde Mental? Perdoe-me Milú mas rio-me de ironia e -ao mesmo tempo- pesar. Sou cidadão de um país moribundo. Um país em que cada vez mais "todos são iguais mas alguns são mais iguais que outros". Doem-me as entranhas de tristeza e ao mesmo tempo, de raiva. Por esta dor revolvem-se na tumba os que deram a vida pelos ideais revolucionários deste país: Reis, poetas, soldados, cantores no degredo, escritores, um pintor sem medo...

Somos governados por uma horda parasitária de agiotas políticos que Orwell pintou como uma verdadeira vara de porcos que se reveza vezes e vezes sem conta na cadeira inclinada do poder que, afinal, é cada vez menos inclinada.

Estou zangado. Aliás, à boa maneira portuguesa, estou chateado. Estou muito chateado. Estou chateado pelo modo como este país é governado. Estou chateado por ver esta crosta escatológica, esta merda de gente que nos governa e que chafurda na gamela do dinheiro que sai do suor do meu e do seu trabalho, arruinar o meu país, a minha terra, enquanto engrossam as próprias tetas que alimentarão nova horda escatológica de sangue-sugas. Sim, estou chateado com estes políticos de merda que me obrigam a transformar esse substantivo em adjectivo. E sobretudo estou chateado com essa gente por me fazer desejar -veja o absurdo- que o Salazar volte.

Mortifica-se o Zeca Afonso que cada vez menos ouve o som da bigorna como um clarim do céu a dizer em toda a parte que o pintor morreu. E muito menos haverá dente por dente, porque os culpados fazem as leis para eles mesmos. Rir-se-ia o Sidónio Muralha destes pequenos deuses caseiros.

Resta-nos a esperança -apesar de remota- que uma diarreia atómica à base de quitoso eleitoral nos livre da vaga parasitária que nos atormenta a alma e o corpo. E mesmo que a solução seja uma "carecada" à antiga -as eleições estão aí- faço votos sinceros que a praga desapareça. Eu, que até sou ateu, digo: oxalá!.

PS: E pergunto assim: quem é que o Orwell enviou a seguir aos porcos?